Sonetos

Foto: Cláudia Barros - Arte: Evandro Cardoso




AINDA QUE EU NÃO QUEIRA


Faz três dias que eu escrevo
Três noites que eu não durmo
Mais de mês, que não te esqueço.
Um bom tempo sem ter caminho

Eu aqui nem errado nem tão certo
Uma semana inteira que eu espero
Incansável e ansioso olho o telefone
Sempre a meu lado, quieto e calado.

Mas já não valem mais, os meus dias.
Dormente, os sentidos nem se queixam.
Ao menos as lembranças não me deixam

E quatro serão os três dias amanhã à noite
Mas o corpo vai dormir esta noite, eu sei;
Mesmo que eu não queira, hoje ele padece.



 1.



ÁS VEZES SE OLHA E NÃO SE VÊ


Não há nenhuma beleza na miséria por excelência
Que nos vigia, com um triste olhar outrora acusador,
E que agora feito um foco de luz branca enfraquecida.
Nos violenta com sua doce fração de amarga realidade

Um mundo real que traz paixões travestidas de amor
Estória estranha que se arrasta feito alguns dias normais
Entorpecendo lentamente nossa fraca memória, débil e fútil.
Empurrando-nos uma realidade imoral das poucas convicções

Convicções humanas expostas em vitrine de shopping Center
Sem entrada, parcelada em várias vezes sem juros no cartão.
Mundinho simplesmente idiota, forjado por tolos espertalhões.

Cansaço meu, que por misericórdia divina, um dia me vença.
Entregando-me de bandeja aos canibais de plantão noturno
Que olham e não vê a tristeza de Deus nos olhos de cada esquina.




 2.




AV. REBOUÇAS


Havia um buraco no meu caminho
Mas que bom que havia um caminho
Havia um amor na minha estória
Mas que bom que havia uma estória

De que importa realmente o que havia
Se nesta estória aquele amor eu não via
Mas não canso, nem desisto nem me culpo.
Aprendi paciência e o mundo eu não julgo

Havia uma avenida na cidade em obras
Havia gente, vida, e um buraco na avenida.
Havia abrigo, e a morte; e eu tinha a sobra.

Havia um amor naquele  meu caminho
Mas havia um buraco na minha estória
Mas no fim da av. O mundo era esmola.


 3.


SONETO UM


As possibilidades eram poucas
Nossos meios eram limitados
Os nossos sonhos eram loucos
E nossa vida era assim tão distante

Nossos caminhos ainda eram falhos
Resistem graças aos nossos filhos
E a nossa força não é mais a mesma
Mas os sonhos e os desejos resistem

Ainda há razões que nos deixa vivos
Há motivos que nos leva para frente
Fazendo silêncio de nossos segredos

E eu com minhas muitas imperfeições
Aguardo paciente para sentir teu gosto
E talho dia após dia na memória teu rosto.



 4.


SONETO DOIS


Grita-me que eu te salvo
Queira-me que eu te amo
Saiba-me que eu te conto
É a moca do meu canto

Aperta-me que eu te abraço
Ame-me que eu te encanto
Se entregue que eu te guardo
Espera-me que eu me salvo

Se mostre que eu a vejo
Peca-me que eu me caso
Queira-me que te protejo

Ouça-me, que eu te quero.
É agora a moça do meu leito
E um fato dentro do meu peito.


 5.


SONETO DE UMA SEGUNDA FEIRA


Não se faz um só corpo de vários pedaços
E a força não é gerada somente por braços
É de detalhes que são feitas, nossas escolhas.
E de caminhos distantes são feitos os arcanos.

Num todo, o princípio, faz nos dois, mais distantes.
De certo mesmo é que todo silêncio nos faz aliados
Às vezes sem rumo, o caminho se faz mais eterno,
E é certo também, que o tempo nos faz mais sincero.

E quase tudo na vida humana, é uma quimera errante,
Dividida entre alguns meios falhos e certezas distantes
Talhadas em pedaços concretos, de uma  memória fraca.

E os dias persistem em nos fazer meros humanos
Perdidos e desorientados, entre detalhes infalíveis.
Do quê nos faz forte, depois de totalmente quebrados.


 6.


SONETO DO QUE SE REPETE NOVAMENTE


De repente me pego representando o mesmo papel
Que em outro dia já representei e não me dei bem,
De repente eu me reencontro, assim, aqui, tão bem.
Assim meio que de repente, de um jeito que nem sei.

Ah, mas os meus absurdos se resumem ao silêncio,
E todo meu desabafo se limita, a tudo aquilo que faço;
E já não sei ao certo, o que espero de um alguém,
Porque costumo me quebrar tão fácil quanto vidro e calo.

Então, quando a disciplina faz da vida um enorme cansaço.
Fazendo sincera, e  imutável, a tristeza real dos meus olhos.
Não peça desculpas, porque eu não sou mais, assim tão capaz.

Sei lá, deixa o tempo passar, deixa o corpo cair, deixa pra lá,
Deixa as coisas se fazerem  lentamente da melhor forma possível,
Exatamente todas as coisas que por orgulho, não fomos capaz.



7.



SONETO PARA LÃ


Somos donos de grandes virtudes
E outros tantos e enormes defeitos
Somos o que há de mais imperfeito
Somos somente carne e osso no leito.

Fomos criados milimetricamente a dedo
Um para o outro, nós dois fomos feitos.
E não há nada, que nos faça ser culpados,
Dos crimes humanos que nós cometemos.

Mas em fim; Foi-nos dado o segundo seguinte;
Onde o esplendor do improvável, se fez matéria.
Acalmando nossos nervos, explodindo artérias.

Então, a mancha abstrata criou forma lentamente.
E da fórmula comum do mundo, nada foi acrescido,
Assim, o amor maior, num belo grito se fez ouvido.



8.


SONETO DO SER ESTAR VIVO


Palavra louca, a palavra oca.
Desprovida total de sentido
Faço-me livre de apego, me faço livre.
Faço do som gemido, pedido de abrigo.

Desfaço-me, recomeço, esfarelo e rezo
Abdico da inocência e olho para a guerra
Encarando sem medo, os meus temores.
Velando constante pelos meus amores

Ao cansaço não me entrego por falta de direito
Por amor e respeito a tudo que trago no peito
Talvez por teimosia ou simplesmente, estar vivo.

E mesmo que me tirem a carne
Ainda mesmo que me quebrem os ossos
Entrego-me sem medo, ao ofício de ser vivo.


 9.


SONETO DO FUTURO PRESENTE


Quê a nossa essência se faça eterna
Nas gerações que perpetuarem nossa existência
Herdando como futuro nossas melhores partes
Realizando tudo aquilo que não fomos capazes.

Que o brilho dos olhos dos pequeninos
Nos dê a força necessária para que não cansemos
Alimente dos melhores frutos os nossos sonhos
E fortaleça o corpo para que os tornemos reais

Que o futuro nos faça; boa lembrança e grande exemplo.
E com os jovens além dos novos horizontes a serem desbravados.
Venha também o desejo de manter eternamente vivos, os valores.

E os valores façam com quê tenhamos orgulho dos que nos antecederam.
Grandes esperanças pelos que ainda virão.
Sejamos enfim mais do quê filho, pai, avô; sejamos homem.



 10.



SONETO DO ESPELHO DA ALMA


O futuro é feito de um reflexo mais que perfeito
Talhado com os detalhes mais belos de momentos sinceros
É o depois; é a consequência das “coisas” que somos agora.
É então; o reinício do princípio divino que fomos outrora.

É a nossa pura continuação, feita de outra forma.
São novas escolhas, de outra vida, em outra estória.
É o renascimento das esperanças, redenção do agora.
É germinação da semente, orgulho doido do bom fruto.

Simplesmente espelho do passado, frente ao futuro no presente.
Uma porta entre aberta para o infinito, onde o pouco é para sempre.
Onde muito, não bastante e o tempo, sempre; sempre exato.

De um dos lados, assim como a carne que venha também o verbo.
Fazendo com quê se perpetue dignamente a sua espécie
Aprendendo e sendo exemplo, o mais forte e sensível também.



11.



O HOMEM DE AMANHÃ NO MENINO DE HOJE


Os nossos alicerces serão erguidos
Sobre a base do solo mais fértil que há
Dia após dia, galgados de amor.
A nós, será ensinado como concretizar os sonhos.

Ilusões darão lugar aos projetos de vida
No momento certo; no instante correto.
E de tudo aquilo que hoje, nos é ensinado.
Seremos a imagem perfeita, com gratidão.

Teremos por futuro, lembranças belas.
Daqueles que talham o homem de amanhã
E cuidam com carinho do pequeno de hoje

E tudo virá no seu tempo, sem euforia nem pressa.
Pois sábios são, os que se esforçam na plantação.
Pois serão abençoados com os melhores frutos.


 12.
 
SONETO DO VERBO NO FUTURO PERFEITO


Quem dera fossemos capaz de saber dos arcanos do coração
Entender por completo o espaço entre o orgulho e a gratidão
Saber ser silêncio no momento infindo de um abraço
Quem dera fossemos o reflexo mais do quê exato

Que Deus nos faça o bom fruto de uma grande videira
A grande mãe, do filho de um pedaço de exemplo.
Sejamos limitados, mas incansáveis enquanto humanos.
E que ensinemos o nosso futuro como nos for a ensinado

Os maiores valores e caminhos com afeto e açúcar
Que sejam eternas as lembranças, com respeito e doçura.
Tenhamos para sempre na memória a imagem mais bela

Do momento eterno de um breve sorriso
E que o tempo nos faça descobrir as “verdades”
Certos de que seremos grandes, como os nossos exemplos.


 13.


SONETO DA NAMORADA SECRETA


A minha namorada é a mais bela, e confesso para o meu eu.
Estou apaixonado, estou amando, vendo pássaro cor de rosa
Estou tão em paz, aqui lembrando a nossa vida, ouvindo bossa.
Estou aqui, assim feito um bobo, pensando perdido o tempo todo.

Ah, como é bom, estar abobalhado e assim de dia sonhar acordado.
Não ter descontentamentos e saber como é maravilhoso poder viver
Descobrir o valor de todas as essências e algumas coisas do amor saber
E por mais improvável que pareça estar lucidamente assim encantado

Ah, minha namorada, são os pequenos detalhes mais belos.
E para o meu eu, as noites mais quentes de todo o inverno.
E aos poucos, vou lhe amando tanto, que logo me interno.

Ouçam – me, acreditem a minha namorada é sim a mais bela.
Ah, meu grande amigo, minha mãe, somente vocês é que sabem.
Mas olha, escuta não conta nada para ninguém, pois ela não sabe.



 14.


SONETO DO AMOR SINCERO


O amor é como o soluço para o pranto
É como o cadarço para o sapato
É assim como o som para o canto
É a parte bela de todo encanto

Sem meias voltas é assim impiedoso
É direto, audaz e corajoso.
De todo beijo, é toda boca.
De toda menina, é a mulher e a moça.

É tudo que faz com quê desfaleça
As razões exatas de todas as certezas
É o simples e o feio de toda beleza

É tudo aquilo que não se nota
É tudo aquilo que não se muda
Da vida, a única coisa que realmente dura.


15.

SONETO DO DESPERTAR


Caramba, passou mais um dia, outra noite.
Aqui onde a luz logo cedo invade as frestas
E como um relógio programado nos desperta
Fazendo a voz ainda grave, dizer um bom dia.

Bom dia então, ao retrato vizinho do travesseiro.
Que me vela durante a noite e guarda meu anseio
Distância menor que há entre a amada e o amante
Coisa tão estranha que faz a vida pulsar incessante

Caramba passou mais um dia, outra noite.
Um dia a menos que tenho para curtir o meu amor
Outro a mais que tenho para lembrar – lhe a face

Como moleque malcriado que por um instante para
Um daqueles momentos que merecem total atenção
Então eu digo bom dia para o retrato da mulher amada.


 16.


SONETO DO AMOR DESESPERADO


Não sei, mas amo mais do quê se pode.
Mais do quê se deve, mais do quê se aguenta.
Não sei, mas amo, como culpado que não se isenta.
Como amante e como amigo, e como amante.

Amo como um louco em um hospício
Que grita, sabe Deus pra quê, ou quem.
Dono então de um coração angustiado de dor
De uma saudade divina que se tem por alguém

E o meu corpo então envelhece
E a cada dia o amor amadurece
Como criança que clama liberdade após a velhice

Deixo – me então, calmo e impassível.
Mantenho – me logo, louco e intocável.
Se necessário, hei de morrer pelo amor improvável.



17.


SONETO DA ESPERA


Em um copo, o exercício da paciência.
O cigarro entre o dedo; o desabafo.
As pernas cruzadas, na demonstração do cansaço.
Nos olhos a observação, em total inocência.

No balcão, corre a água do degelo,
Proveniente do copo inerte  do apego
Ao lado de um coração tranquilo de sossego
Pela lembrança do amor distante e meigo

Cansativa a espera se faz calma
Tranquila a mão que escreve se faz palma,
O corpo de poeta e amante se faz alma.

E na memória a lembrança tua se faz rara
Na espera ansiosa, a palavra se faz clara.
E o desejo de menino, em homem se faz tara.



18.


SONETO DE SINCERIDADE


Frases em versos todos programadas
Dedos doídos de fim de noite pelo sapato
Intimidade suspeita com a melancolia
Poeta que exerce o ofício e tem taquicardia

Pela lembrança mais certa da amada
Pelo conforto de palavras boas
Pelo sorriso inocente ainda que por nada
Há alguma coisa melhor do quê rir a toa?

Eu sei, e aquilo quê não sei, nem sei.
Pra quê saber se de minha terra, sou eu o rei.
E, além disso, como réu nem sei, o quê ainda não sei.

Então eu sei, sei sim, de mim e do meu amor.
Sei exato de tudo aquilo que eu preciso saber
Sei que amo incansavelmente se quer saber.



19.



SONETO DA MADRUGADA


Vejo a desintegração da fome
Com o silêncio, café e nicotina.
Sinto o vazio de mãe pós-parto.
E grito, louco em terra de surdo.

As horas que se arrastavam lentamente
Dependuradas na parede branca da sala
Fazia-me lembrar de um rosto, vagamente.
Mas a ardência dos olhos não me deixava vê-lo

Mas naquela altura eu já não me importava
Pois a fome me fazia bêbado de dar risada
E o cansaço me fazia lento, para algo além de nada.

E as horas do relógio insistiam em prosseguir adiante
E acontecesse o quê fosse era somente uma madrugada
Simplesmente mais uma madrugada, somente, e mais nada.



 20.



SIMPLESMENTE UM SONETO


Finjo que eu não te vejo.
É tua a face que eu encontro
Dentro do escuro e do desejo
Feito assim um rápido lampejo

Feito assim, tua forma que se tece.
Feito como uma vida que segue
Assim como o tempo que se esvai
Assim feito bocas que se calam

Desejos teus, faço então meus.
Da tua face faço então espelho
E renego assim, todo meu receio.

Guardo-te em mim com carinho e zelo
E não mais alimentarei qualquer medo
Escrevo, e transformo tempo em paciência.



21.


SONETO DA MULHER BELA


Aquele rosto de anjo com ar de santa
Mostrava um par de pernas de Deusa
Exalava um suave perfume de primavera
Fazia-se notar sem muito esforço, e era.

Era exatamente o quê queria, ah isso era.
Não era ninguém mais, além dela mesma.
Naquele momento, naquele exato momento.
Viva, de carne e osso, mais carne que osso.

Isso é fato, acredite, eu somente relato.
Admiro e também olho com olhos safados
Eu? Eu sou poeta, artista e às vezes safado.

Mas a culpa é exclusivamente só dela
Ou do seu par de pernas, e que pernas.
Eu? Eu apenas relato e fico estupefato.



 22.



SONETO DA ACEITAÇÃO


Eu sou inacabado e impróprio
Para aquele que não sabe de si
Sou o busto de uma prostituta
Quê sabe por que e preferia não ser

Eu sou, e não importa se eu gosto.
Pois a essência não cabe a eu escolher
Quem sabe um dia talvez eu possa socorrer
A minha alma, minha tristeza e meu desgosto.

Pois eu já não sou mais dono de mim
Nem guio mais as minhas próprias mãos
Eu apenas escrevo, e aceito o inevitável.

E não me isento nem da culpa nem do crime
De dizer o quê aponta no princípio da flecha
Apenas me entrego ao que há de mais sublime.



23.


SONETO DE CONFISSÃO


Todas as coisas me eram fáceis,
Simples, a vida fazia se rara.
Medo até que havia, mas só do nada.
Até a solidão e o frio eram incríveis

Até minha tristeza era mais bela
E a vontade de falar era mais terna
E mesmo a volta pra casa fazia sentido
E inimigo, era somente um triste amigo.

Farão falta todas nossas poucas brigas
E também nossos papos mais sérios
Que de fato, eram raros, mas sinceros.

Diante de um júri confessaria minha culpa
E pouco importaria tal qual fosse a sentença
Pois tudo era mais fácil, com a tua presença.



24.


SONETO DO POETA


Se hoje, meu cansaço se fizesse meu amigo.
E não fosse tanta a dor em minhas pernas
E fosse menos tudo o que vem aos ouvidos
Tudo aquilo que escrevo, e raramente eu digo.

E se também, o meu corpo pudesse suportar.
Render-me-ia de gosto, para a exaustão dos dias.
E me entregaria de certo, como condutor da vida.
E transformaria cada pequeno instante em pura vida

Eis que eu sentiria o perfume de um sol triste
E jamais trairia a minha lua, eu digo, acredite
Eu faria de cada instante a mais pura eternidade

Mas meu cansaço não se faz assim tão amigo
Então o aceito, e lhe convido a tomar um vinho.
O quê eu posso fazer? Continuo, escrevo e vivo.



25.


SONETO DA SAUDADE MAIOR


Tão estranha, se faz em mim a tua ausência.
Aquele teu rosto trancado com um ar de séria
Aquela voz baixa com um som igual de saudade
E os nossos poucos instantes de total liberdade

Agora não vou mais te encontrar em casa
Mas eu sei que um dia ei de lhe encontrar
Quem sabe a gente até coma um strogonoff
Quem sabe a gente tenha paz e entenda o nada

Por que hoje eu entendo a saudade maior
E talvez um dia talvez eu seja melhor
Ou talvez eu seja um pouco menos sério

E talvez a gente se abrace com mais constância
E queira entender tudo, com menos importância.
E no futuro, teremos paz e entenderemos o nada.



26.


SONETO DO AMOR AMIGO


Eu quero partir do princípio
No mais quero ser teu início
Alimentar de você meu vício
Essa minha loucura e delírio

Em um quarto que seja secreto
Vou lhe contra tudo que quero
Na nossa estória, quem sabe se:
Um dia aconteça o que sonho

E não há nada que não me faça pensar
Não há nada que me faça desacreditar
No eu, que acredita que pode alcançar.

O mundo dá volta e talvez aconteça
Só espero de verdade realmente em fim;
Que de mim, você nunca se esqueça.



27.


SONETO DO AMOR IMPOSSÍVEL


Não há ninguém, tão igual feito a gente.
E ao mesmo tempo ninguém tão diferente
Somos somente a mesma forma de existência
Que foram separados, por descuido ou displicência.

Tão iguais que deveria ser um só corpo
Ser lágrima e sorriso, felicidade e desgosto.
Quem sabe ser um pouco mais do quê amigo
Quem sabe eu ser amante, amado e marido.

De tudo, na vida serei então eterno.
Feito assim calmaria de tempestade
Sem contentamento serei só saudade.

Eu, que sei que posso ser, só descuido.
Personifico o maior amor de meu mundo
Escrevendo – lhe uma endecha por dia.



28.









SONETO DO TEMPO


E o tempo vai passando
E a gente cada vez mais
Vamos conhecendo o ser humano
E o tempo segue, e vai se passando.

E a gente com o tempo vai
Vai junto, passando e enjoando.
E o tempo vai passando
E a gente olha, e vai vomitando.

Sentindo-se assim embriagado
Estando quase totalmente sóbrio;
Ou não; e também vem a pergunta:

Será que ainda há salvação?
E o quê o tempo mostra é que não;
Ou não: isso a gente descobre depois.



29. 


 
SONETO DO EU MESMO


Não sou santo
Nem sou certo
Mas meu canto
Sempre sincero

Não sou jovem
Nem tão velho
Mas meu tempo
Não mais espero

Eu sou quase um absurdo
Sincero demais para o mundo
Errado demais para tudo

Eu sou a tristeza e alegria
O mesmo homem todo dia
E por mim, o maior prejudicado.



 30.



EU, CLARICE E VINÍCIUS.


Se Clarice pudesse, diria: _ Desiste me ouve…
Para enquanto há tempo, enquanto ainda pode.
Entrega – te a sorte daqueles que são isentos
E livre do pecado soberbo, do que é ser sincero.

Acalma – te, pois “ser” morto não é tão mal.
Mas “ser” vivo isso é realmente preocupante.
É um troço que aguça, fazendo-se vivo, e pulsa.
Transgredindo todos os direitos, do não saber.

Escuta – me, pois sábio é o que eu lhe digo.
Se pudesse, Clarice de certo diria essas e outras;
Mas não pode, e sente certa felicidade por isso.

Pois um pouco lá na frente, quando eu alcançar a próxima estrela.
Virando a esquerda, encontrarei Clarice; Encontrarei Vinícius;
E juntos veremos felizes; Outros e Outros tantos outros, e outras.



 31.



SONETO DA MULHER ELEGANTE


Ah, o cheiro da elegância.
Aquele jogo de cabelo
Faz de um homem criança
Faz do mundo brinquedo

Faz duvidar da existência
E desacreditar da realidade
Personifica Deusas Gregas
Põe fogo em chão de neve

Anda, dança, baila, encanta.
Faz da vida uma esperança
Fazendo o tempo ser um nada

Mulher primeira, a própria Eva.
Nascida direto das mãos de Deus
Bendito seja teu cheiro e tua elegância.



32.


 
SONETO DAS ROSAS


Quem sou eu para querer? Pensar em querer
Descrever a beleza da mulher, da mulher eternal.
Que já for a descrita por tantos poetas, não ouso;
Mas ironicamente Deus me põe na frente, as Rosas.

Sem medo então, transformo poesia em prosa.
E me entrego amiúde, para a minha madrugada.
E se não há mais bordéis onde se pode escrever
Hoje, há os fast foods 24 horas onde encontro às rosas.

Lugar este que se fica desprovido de defesas e armas
O sorriso é mais sincero, o tempo mais lento, tão puro.
Lugar em que as rosas criam vida, sendo quase Deusas.

E o tempo se faz grande amigo
Por que este, nunca será pouco.
Para aquele que se fizer eterno.



33.


 
SONETO DA ESCOLHA


Que com a guarda de Deus
Você me veja, em cada rosto.
Enquanto eu ouço tua voz
Dizer-me um fraco até breve

Que as horas não sejam um júri
E os dias não se tornem um juiz
E as condições e necessidades, um carrasco.
Por que sempre há tempo, enquanto há vida.

E há escolhas a serem feitas ainda
E se gloriosa a dúvida se põe a frente
Sempre há um pedaço de Deus em nós

Talvez guardado em um canto escuro
Com um aviso de perigo e “não mexa“
Sejamos assassinos, matemos o orgulho.



34.




SONETO ADOLESCENTE


Perdoa esse meu amor indecente
E essa minha espera mais que ansiosa
Acalma-me esse meu jeito adolescente
Beija-me a fronte, abraça-me mais forte.

Não questione os anjos de Deus
E não duvide nunca do improvável
Renegue tudo aquilo que seja dúvida
Guarda este instante, nosso e tão eterno.

Perdoa aquilo que não for possível
Talvez nem sempre, haja uma volta.
Mas, nós sabemos todos os caminhos.

Então olhe, e se arrisque no penhasco.
Que quebrado lá embaixo, eu te aguardo.
E junto, a gente tenta mais um novo salto.



35.


NOSSO SONETO


Em minha pobre e fraca memória,
Abita o vulto de uma tão bela índia
A qual, nem sempre eu vejo a face.
Mas que ouço a voz todas as noites.

E assim como não me esqueço de quem já foi
Não me esqueço dela, que também não vem.
E são nossas as razões, todas tão indecifráveis.
Que não entendemos e de alguma forma nos afasta

E os anjos que nos guardam, são amantes.
E fogem todas as noites, nos deixando assim.
Sem guarda e perdidos, no momento que o dia dorme.

Sozinhos em instantes perigosos e tão cruéis
Nos quais o silêncio se faz o único aqui conosco
Mesmo em meio à multidão, de fugitivos diários.



 36.



SONETO DA PEQUENA MARGARIDA


Em meio aquela plantação enorme de rosas
De repente surgiu uma margarida; Ou girassol?
Eu que vivo aqui à noite, sendo eu então, a lua.
Subitamente encontro-me pecando contra o sol

E o girassol, aquele que persegue o dia.
Não sabe se quer da minha pequena alegria
Nem de todo esse impossível que me assola
Nem mesmo da tristeza que deixa ao ir embora

Que se faça então a lenda dos amores impossíveis
De amores improváveis que seguem adiante na vida
E talvez o girassol, talvez de verdade, ele seja margarida.

E descubra quem sabe talvez, o sentido desta vida.
E veja a lua pela noite, perdida e deixada esquecida.
E faça então do que é pouco provável, um possível.



 37.



SONETO DA CERTEZA


Sou o necessário e também o inevitável
Cuspido pela vida e deixado pelo mundo
Sou feito o aborto de uma mulher de rua
Sou a verdade crua na revolta dos ofendidos
E de quê importa realmente aquilo que sou
Se a estrada não finda e o tempo não se acaba
Se passado não se apaga e futuro não se escreve
E agora pouco importa se chova ou caia neve
Porque o tempo é sempre o mesmo
E as pessoas tão previsíveis e fáceis
De mãos lavadas, beijo na face e só.
Que se faça o necessário e o inevitável
Sem um medo tolo pelo desconhecido
E se assuma a consequência das responsabilidades.



 38.



DESABAFO


Talvez a minha força não seja
Realmente o quê é necessário
Talvez seja um pedaço de fato
Talvez seja somente um mero erro

E o ar cansado entrega o delito
O pulmão sem força entrega o grito
Numa lenda sem rei e fada, sem nada.
Onde um mesmo chora e também risada

Ironicamente se faz doce a insanidade
Demente, entrega a si mesmo o seu eu.
Em breves conversas matinais com Deus

E a força talvez seja o suficiente
Para a permanência teimosa da vida
E para uma frase escrita, sem rima.



 39.


 
SONETO INFINDO


Nossas palavras não se encontram
Nossas bocas não se tocam
E esse amor em mim que não finda
E esse respeito que de fato já é medo

Nossas mãos não se enlaçam
Nossos corpos não conhecem
E o amor dos olhos não termina.
E a gente segue sendo, menino e menina.

E se existe realmente algum amor eterno
De fato o nosso mundo é assim tão estranho
E faz distantes as coisas fáceis e mais simples.

Tornando improvável o amor mais sincero
Transformando em uma relíquia de estante
Tudo aquilo que é mais puro, sereno e belo.
  



40.



KAMIKAZE


Não me intimidam os meus medos
Que encaro feito um louco suicida
Feito um bobo apaixonado pela vida
Que não cai, mesmo com despedida.

Não me destroem, as minhas derrotas.
Que encaro teimosamente com força
Para um novo reinício, de outro caminho.
Que timidamente se materializa confuso

Não me cansa, essa espera pelo certo.
Não me ilude, nem turva o pensamento.
Pois o não direito a desistência, me nutre.

Fortificando os ossos que levam a carne
Glorificando a imagem de um final majestoso
Que só se mostra, àqueles que não duvidam de Deus.




 41.



SONETO DE GUERRA


Hoje foi o último dia da Guerra
E meu exército foi capturado
Hoje foi o último dia de briga
E sou agora, o próprio vencido.

Talvez não fossem falhos os planos
Mas fora mais eficiente o outro lado
Mas os aliados, já estavam mortos.
E não viram o final quase inevitável

E o último suor que escorre, cheira a sangue.
E seu gosto se confunde com as lágrimas
Que caíram um pouco antes, do próprio corpo.

Mas a minha lembrança de alguns poucos
Faz-me forte o suficiente para a resistência
De ver a tal morte, como um parto prematuro.



42.



SONETO DO RELATO


As nossas dúvidas infindas
Já faziam parte de nossa vida
E era pouco o tempo que havia
Para fazer somente uma, duas vidas.

Mas os olhos perdidos encontravam pouso
Mesmo que por breves momentos finitos
E o sorriso tornava-se, um breve beijo.
Que o abraço fazia levantar em casa forte

O quê são as horas diante de toda uma vida
E esta? Quando encontra a morte prematura?
E faz do resto da história, somente uma lembrança.

Abraça então somente a tua criança, a tua cria.
E se apega forte, naquilo que pretende mudar.
Pois o sol é do dia, a lua da noite, e a gente do mar.



43.



SONETO FINAL


A rainha da minha terra renegou o seu posto
A mulher da minha espera rejeitou meu rosto
As sementes da plantação ainda não nasceram
E eu, mesmo cansado, insisto em ser tão sincero.

Os pingos de chuva mancharam os desenhos
E a enchente, derrubou sem dó, todas as paredes.
Os anjos devem estar agora, todos de ferias…
E as fadas estão tristes, por que foram esquecidas.

Mas os dias ainda existem
E as horas todas, ainda passam.
E às vezes não tem lua, nem lugar.

Mas sincero, eu ei de ser, o último tolo.
Mesmo não tendo mais sonho para sonhar
Sem terra pra plantar, nem palavra, ou lugar.



44.



DO SEU...


Somos donos de algumas
Das maiores verdades
Somos a semente do amor
Sincero, germinado no quintal.

A personificação da gratidão
Pelo nosso companheirismo
Somos então um princípio
E um meio, sem um fim.

Sabedores do arcano maior
Que Deus, criou e nos deu.
Então, o tempo nunca será pouco.

Para quem como nós
Souber se fizer eterno
A cada dia que amanhece.



 45.



VAI SABER OU QUEM SABE


Quem sabe, se fossemos capaz de ser um pouco mais sinceros.
Quem sabe, de alguma coisa que manche a honra dos anjos.
Ou talvez do caminho de terra que leva para a fonte mais pura
Ou do medo que se acende, quando as luzes se apagam sozinha.

Quem sabe, se mandássemos cartões de natal em pleno inverno.
Ou quem sabe se nós fossemos os filhos mais perfeito possível
Quem sabe se a nossa avó, talvez fritasse rabanada na hora do jantar.
Ou talvez de repente, inventássemos de passar na Sé com varas de pescar.

Quem sabe, se talvez eu bebesse toda a água de algum mar.
Ou ainda iludido, eu mantivesse meus valores e pudesse sonhar.
Ou vai saber somente olhar longe, e sem ver poder caminhar.
Quem sabe o quê poderia acontecer realmente de verdade
Se o sorriso não fosse amarelo e a cara não fosse de tacho.
Vai saber! Quem sabe ué? Quem sabe? Vai saber!



46.



SONETO MEU


Diga ao mundo que sou vagabundo
Que acordo tarde e não durmo a noite
Que nunca venço e jamais me entrego
Diga tudo àquilo que quiser, tanto faz.

Sou artista e sonhador, eu sou humano?
Sou senhor de mim mesmo e acredito nisso
Sou exato, o quê muitos não acreditam poder.
Sou enfim; Eu mesmo sou real e nada mais.

É tão difícil ficar calado olhando o mundo indiferente
Quando se tem sangue nas veias e não se é só contente
Estou ciente que sou sincero, e sei quem está ao meu lado.

Caminhei incansável por tanto tempo, que já nem me lembro.
E nunca vou me esquecer do dia exato em que descobri quê:
A voz de Deus tem um som, totalmente igual ao do silêncio.



47.



SONETO DE UM DIA VINTE E UM


Às vezes deixamos o futuro
Passar bem na nossa frente
E vira passado, tudo que é presente.
E vira lembrança o quê era contente

E contente se faz a vaga lembrança
De uma felicidade por nós não tocada
Da hora mais certa de um sono inocente
Assim contente descrente e dependente

Não se caminha em outro caminho
Tão pouco se vive em outra vida
E no dia correto se apresenta a despedida

São alguns fatos e muitas realidades
Que juntos forjam a lâmina da vida
Que um dia, cedo ou tarde cortam os laços.



 48.



SONETO DA NÃO DÚVIDA


Aquilo que não se fala
Guarda-se fundo na alma
Lamenta-se a falsa acusação
E sereno se olha o julgamento

Aquilo que não se entende
Guarda-se lá dentro do peito
Sufoca o ego e mata o orgulho
Talvez seja esse o próprio delito

Talvez se faça então a acusação
Talvez seja paz, ou talvez não…
Quem sabe se não, seja o perdão.

Mas aquilo que não se fala
Junto com tudo quê não se entende
Apesar de triste, lá dentro se faz contente.



49.



O SONETO DE HOJE


Tudo, sempre acaba um dia.
E fica sempre um algo a dizer
Estranho é ser feliz na alegria
Deixar de ser sincero e não ser

Por puro medo e uma apatia
Em um peito escuro esconder
Moleque que sonhava um dia
O sonho que ninguém quer ter

Tão certo, que ficou errado um dia.
Cansado, olhando espelho envelhecer.
Todo começo, nasce lá dentro do peito.

O silêncio é o princípio para o quê não tem mais jeito
E toda verdade na vida, de certo que tem uma maldade.
E uma ponta de saudade, por alguém que já morreu.



50.



BREVE MANHÃ DE SEGUNDA FEIRA


São muitas e tantas, as coisas.
Que não vale a pena de serem ditas
Assim como a vida, que apesar de bela.
Normalmente nem sempre é bonita.

Como o tempo, que apesar de santo.
Quase que nem sempre, é isento.
As coisas desse mundo sempre tão falhas
Nos mostra quase sempre a vida em migalhas

Ora, não sei mesmo por que me queixo.
Se sabendo disso, esse mundo eu não deixo.
Talvez seja por que, eu também não me ajeito.

E insisto em acreditar do fundo do meu peito
Que mesmo ainda com toda e qualquer falha
Ainda terei alguma coisa a mais que migalhas.



51.



SONETO DE UMA CONCLUSÃO


Se nosso tempo parasse
E nos levasse os dois juntos
Onde o tempo transforma
O tudo, em um nada a fazer.

Se a nossa vida tivesse
A cor da parede de casa
Que mudo no fim do ano
Para poder lhe agradar

Se tudo nos fosse assim tão fácil
Como tomar um sorvete se olhando
Sem ter muitas coisas para dizer

E se o tempo nos fizesse uma certeza
Tudo o que a gente acredita e pretende
E como um tolo vacila na hora de ter.



 52.



SONETO ENCANTADO


Era um nunca e talvez um pouco mais
Tudo aquilo quê era presente e nada mais
Sincero em um princípio! E tudo se desfaz.
Cansado e quase exausto; E agora rapaz?

Eram dias em quê tudo se fazia possível
Éramos eternos, dentro de nós mesmos.
E nada faria com que deixássemos a luta
Ainda mesmo, que aos trapos encontrássemos.

As nossas roupas ou mesmo as nossas almas
Por que lá dentro, sabíamos de cor todo o final.
E seria preciso muito mais do que uma derrota

Para fazer a gente tombar os nossos ideais
Que de diamantes foram cravados no coração
Ainda que sejam agora, apenas pedaços de carvão.



53.



SONETO DE UM PERSONAGEM


Já não havia a sustentação dos pés
Talvez o culpado, fosse o cansaço.
Talvez, a falta somente do cadarço.
Mas era fato, e o caminho de asfalto.

Por que os dias apesar de longos
Era feito de momentos tão breves,
Sempre tão corridos e apressados,
Sempre tão estranhos! Engraçados?

Não sei! Por que os pés, hoje já não são.
E assim como o concreto que vem a frente
Quase todos assim tão iguais! Tão parentes?

Era cinza, a paisagem do nosso pasto.
Era estranho o quê se via como rastro
E ainda sozinha, era breve a nossa vida.



54.



A VIDA NOVA DOS TEUS OLHOS


Estou com saudade, da vida que ainda não tivemos.
Ansioso feito menino, pra contar histórias de futuro.
Saudade de todas as coisas que ainda não chegaram
E que infelizmente talvez jamais cheguem de fato.

Estou com saudade de quem daqui já partiu, e não volta.
Tenho agora um oco dentro de mim, está faltando você.
Hoje, feito ontem, e antes do ontem, e como no futuro.
Passarei meus dias querendo te ver, querendo dizer…

As lembranças mais antigas das histórias vividas um dia
E também daquelas que passamos a vida toda esperando
Contos de “NADA” que jamais acontecem nas vidas reais

A saudade é simplesmente a memória acordada a força e sem dó.
Violentada pelo desejo que tivemos, de consertar os detalhes.
Que foram deixados de um lado, junto com meu medo de rejeição.



55.



DAS ONZE ME FINDO AS QUATRO


A angústia de todas aquelas coisas
Que assim feito desejos, me consomem.
Entorpecem qualquer sentido daquilo que sei
Entrego-me, dizendo teu nome ou, parte dele.

Em uma doida ânsia diária, pela tua presença.
E a presença constante da vida nova de teus olhos
Ofuscada pelo brilho incessante do teu sorriso
E me faz muito melhor do que realmente eu sou

E das onze eu me limito e findo somente as quatro
Guardando ainda algum ar nos pulmões cansados, pra dizer.
Coisas em minha ideia, que talvez você jamais venha ouvir.

Pois o tempo não me permite ter algum ou qualquer direito
De ser um pedaço pequeno das coisas que querem meu peito
E cansado além do limite penso acordado e me findo no leito



56.



SONETO DAS CINCO SAUDADES


Palavras escritas desenhando a imaginação
Talvez seja um fato, talvez não.
Quem sabe, tudo seja lembrança.
Pedaço de passado, em algum outro futuro.

Simples momentos de uma realidade
Transformada na intenção da ideia
Das nossas loucas memórias lapidadas
E das lembranças mais do quê perfeitas

Eu hoje aqui sozinho, me faço silêncio.
Em um grito calado no fundo do peito
Em um dia em quê simplesmente percebi

Que perdi a noção de tempo e a noção de espaço
Descobri que o esquerdo é feito, tal qual o direito.
Sendo ele de certa forma, um pouco bem mais perfeito.



57.



SONETO DE TRISTEZA


Eu sou exatamente aquilo que ninguém precisa,
Sou o dejeto e o descartável, do treco amargo.
Eu sou exatamente aquele cara, que ninguém,
Suporta por mais do quê algumas horas seguidas.

Eu sou o personagem que inspira e fica sempre guardado,
Aquele que ninguém levaria do livro, para a própria casa.
Eu sou a solidão e o silêncio, também o pedaço que faz chorar.
Eu sou impróprio e desaconselhável para estar neste mundo.

Sou aquele que ninguém esquece e que nunca é convidado.
Certeza que sou o momento exato da glória de um viciado.
O moleque de rua suado, o trabalhador cansado; sou culpado!

Sou que nem a puta que volta pra casa pela manhã, sempre sozinha.
Necessário e descartável, cochilando no banco até o ponto final.
Desprezível, desprezado, eu sou somente mais um, e só.



58.



SONETO DAS SAUDADES


Eu que agora neste exato momento, sou sozinho,
Entrego-me às lembranças mais doces possíveis.
Que se por um lado não são tantas, são incomparáveis,
Do lado bom e do lado mal, se fazem agora meu ninho.

Eu que agora, neste momento mais do que exato e sem falha,
Lembro-me de todas as casas, de todas as vidas e todos os cantos.
Daqueles que foram cantados, chorados em voz baixa e rouca,
E me inundam com as saudades que trago dentro do meu eu.

Eu que agora neste momento não quero encontro com a rima.
Tenho somente a certeza dos meus desabafos calados no peito,
Das minhas memórias trancadas na alma e do momento agora.

Saudades que não findam em si mesmo e nem mesmo em mim.
Memórias, derrotas e glórias transformadas em saudades intermináveis.
Que não devo e nem mesmo quero esquecer, tantas saudades sem fim.




59.



Contra Capa


 

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