AINDA QUE EU NÃO QUEIRA
Faz
três dias que eu escrevo
Três
noites que eu não durmo
Mais
de mês, que não te esqueço.
Um
bom tempo sem ter caminho
Eu
aqui nem errado nem tão certo
Uma
semana inteira que eu espero
Incansável
e ansioso olho o telefone
Sempre
a meu lado, quieto e calado.
Mas
já não valem mais, os meus dias.
Dormente,
os sentidos nem se queixam.
Ao
menos as lembranças não me deixam
E
quatro serão os três dias amanhã à noite
Mas
o corpo vai dormir esta noite, eu sei;
Mesmo
que eu não queira, hoje ele padece.
1.
ÁS VEZES SE OLHA E NÃO SE VÊ
Não
há nenhuma beleza na miséria por excelência
Que
nos vigia, com um triste olhar outrora acusador,
E
que agora feito um foco de luz branca enfraquecida.
Nos
violenta com sua doce fração de amarga realidade
Um
mundo real que traz paixões travestidas de amor
Estória
estranha que se arrasta feito alguns dias normais
Entorpecendo
lentamente nossa fraca memória, débil e fútil.
Empurrando-nos
uma realidade imoral das poucas convicções
Convicções
humanas expostas em vitrine de shopping Center
Sem
entrada, parcelada em várias vezes sem juros no cartão.
Mundinho
simplesmente idiota, forjado por tolos espertalhões.
Cansaço
meu, que por misericórdia divina, um dia me vença.
Entregando-me
de bandeja aos canibais de plantão noturno
Que
olham e não vê a tristeza de Deus nos olhos de cada esquina.
2.
Havia
um buraco no meu caminho
Mas
que bom que havia um caminho
Havia
um amor na minha estória
Mas
que bom que havia uma estória
De
que importa realmente o que havia
Se
nesta estória aquele amor eu não via
Mas
não canso, nem desisto nem me culpo.
Aprendi
paciência e o mundo eu não julgo
Havia
uma avenida na cidade em obras
Havia
gente, vida, e um buraco na avenida.
Havia
abrigo, e a morte; e eu tinha a sobra.
Havia
um amor naquele meu caminho
Mas
havia um buraco na minha estória
Mas
no fim da av. O mundo era esmola.
3.
As
possibilidades eram poucas
Nossos
meios eram limitados
Os
nossos sonhos eram loucos
E
nossa vida era assim tão distante
Nossos
caminhos ainda eram falhos
Resistem
graças aos nossos filhos
E
a nossa força não é mais a mesma
Mas
os sonhos e os desejos resistem
Ainda
há razões que nos deixa vivos
Há
motivos que nos leva para frente
Fazendo
silêncio de nossos segredos
E
eu com minhas muitas imperfeições
Aguardo
paciente para sentir teu gosto
E
talho dia após dia na memória teu rosto.
4.
Grita-me
que eu te salvo
Queira-me
que eu te amo
Saiba-me
que eu te conto
É
a moca do meu canto
Aperta-me
que eu te abraço
Ame-me
que eu te encanto
Se
entregue que eu te guardo
Espera-me
que eu me salvo
Se
mostre que eu a vejo
Peca-me
que eu me caso
Queira-me
que te protejo
Ouça-me,
que eu te quero.
É
agora a moça do meu leito
E
um fato dentro do meu peito.
5.
SONETO DE UMA SEGUNDA FEIRA
Não
se faz um só corpo de vários pedaços
E
a força não é gerada somente por braços
É
de detalhes que são feitas, nossas escolhas.
E
de caminhos distantes são feitos os arcanos.
Num
todo, o princípio, faz nos dois, mais distantes.
De
certo mesmo é que todo silêncio nos faz aliados
Às
vezes sem rumo, o caminho se faz mais eterno,
E
é certo também, que o tempo nos faz mais sincero.
E
quase tudo na vida humana, é uma quimera errante,
Dividida
entre alguns meios falhos e certezas distantes
Talhadas
em pedaços concretos, de uma memória fraca.
E
os dias persistem em nos fazer meros humanos
Perdidos
e desorientados, entre detalhes infalíveis.
Do
quê nos faz forte, depois de totalmente quebrados.
6.
SONETO DO QUE SE REPETE NOVAMENTE
De
repente me pego representando o mesmo papel
Que
em outro dia já representei e não me dei bem,
De
repente eu me reencontro, assim, aqui, tão bem.
Assim
meio que de repente, de um jeito que nem sei.
Ah,
mas os meus absurdos se resumem ao silêncio,
E
todo meu desabafo se limita, a tudo aquilo que faço;
E
já não sei ao certo, o que espero de um alguém,
Porque
costumo me quebrar tão fácil quanto vidro e calo.
Então,
quando a disciplina faz da vida um enorme cansaço.
Fazendo
sincera, e imutável, a tristeza real dos meus olhos.
Não
peça desculpas, porque eu não sou mais, assim tão capaz.
Sei
lá, deixa o tempo passar, deixa o corpo cair, deixa pra lá,
Deixa
as coisas se fazerem lentamente da melhor forma possível,
Exatamente
todas as coisas que por orgulho, não fomos capaz.
7.
Somos
donos de grandes virtudes
E
outros tantos e enormes defeitos
Somos
o que há de mais imperfeito
Somos
somente carne e osso no leito.
Fomos
criados milimetricamente a dedo
Um
para o outro, nós dois fomos feitos.
E
não há nada, que nos faça ser culpados,
Dos
crimes humanos que nós cometemos.
Mas
em fim; Foi-nos dado o segundo seguinte;
Onde
o esplendor do improvável, se fez matéria.
Acalmando
nossos nervos, explodindo artérias.
Então,
a mancha abstrata criou forma lentamente.
E
da fórmula comum do mundo, nada foi acrescido,
Assim,
o amor maior, num belo grito se fez ouvido.
8.
Palavra
louca, a palavra oca.
Desprovida
total de sentido
Faço-me
livre de apego, me faço livre.
Faço
do som gemido, pedido de abrigo.
Desfaço-me,
recomeço, esfarelo e rezo
Abdico
da inocência e olho para a guerra
Encarando
sem medo, os meus temores.
Velando
constante pelos meus amores
Ao
cansaço não me entrego por falta de direito
Por
amor e respeito a tudo que trago no peito
Talvez
por teimosia ou simplesmente, estar vivo.
E
mesmo que me tirem a carne
Ainda
mesmo que me quebrem os ossos
Entrego-me
sem medo, ao ofício de ser vivo.
9.
SONETO DO FUTURO PRESENTE
Quê
a nossa essência se faça eterna
Nas
gerações que perpetuarem nossa existência
Herdando
como futuro nossas melhores partes
Realizando
tudo aquilo que não fomos capazes.
Que
o brilho dos olhos dos pequeninos
Nos
dê a força necessária para que não cansemos
Alimente
dos melhores frutos os nossos sonhos
E
fortaleça o corpo para que os tornemos reais
Que
o futuro nos faça; boa lembrança e grande exemplo.
E
com os jovens além dos novos horizontes a serem desbravados.
Venha
também o desejo de manter eternamente vivos, os valores.
E
os valores façam com quê tenhamos orgulho dos que nos antecederam.
Grandes
esperanças pelos que ainda virão.
Sejamos
enfim mais do quê filho, pai, avô; sejamos homem.
10.
SONETO
DO ESPELHO DA ALMA
O
futuro é feito de um reflexo mais que perfeito
Talhado
com os detalhes mais belos de momentos sinceros
É
o depois; é a consequência das “coisas” que somos agora.
É
então; o reinício do princípio divino que fomos outrora.
É
a nossa pura continuação, feita de outra forma.
São
novas escolhas, de outra vida, em outra estória.
É
o renascimento das esperanças, redenção do agora.
É
germinação da semente, orgulho doido do bom fruto.
Simplesmente
espelho do passado, frente ao futuro no presente.
Uma
porta entre aberta para o infinito, onde o pouco é para sempre.
Onde
muito, não bastante e o tempo, sempre; sempre exato.
De
um dos lados, assim como a carne que venha também o verbo.
Fazendo
com quê se perpetue dignamente a sua espécie
Aprendendo
e sendo exemplo, o mais forte e sensível também.
11.
O
HOMEM DE AMANHÃ NO MENINO DE HOJE
Os
nossos alicerces serão erguidos
Sobre
a base do solo mais fértil que há
Dia
após dia, galgados de amor.
A
nós, será ensinado como concretizar os sonhos.
Ilusões
darão lugar aos projetos de vida
No
momento certo; no instante correto.
E
de tudo aquilo que hoje, nos é ensinado.
Seremos
a imagem perfeita, com gratidão.
Teremos
por futuro, lembranças belas.
Daqueles
que talham o homem de amanhã
E
cuidam com carinho do pequeno de hoje
E
tudo virá no seu tempo, sem euforia nem pressa.
Pois
sábios são, os que se esforçam na plantação.
Pois
serão abençoados com os melhores frutos.
12.
SONETO DO VERBO NO FUTURO PERFEITO
Quem
dera fossemos capaz de saber dos arcanos do coração
Entender
por completo o espaço entre o orgulho e a gratidão
Saber
ser silêncio no momento infindo de um abraço
Quem
dera fossemos o reflexo mais do quê exato
Que
Deus nos faça o bom fruto de uma grande videira
A
grande mãe, do filho de um pedaço de exemplo.
Sejamos
limitados, mas incansáveis enquanto humanos.
E
que ensinemos o nosso futuro como nos for a ensinado
Os
maiores valores e caminhos com afeto e açúcar
Que
sejam eternas as lembranças, com respeito e doçura.
Tenhamos
para sempre na memória a imagem mais bela
Do
momento eterno de um breve sorriso
E
que o tempo nos faça descobrir as “verdades”
Certos
de que seremos grandes, como os nossos exemplos.
13.
SONETO
DA NAMORADA SECRETA
A
minha namorada é a mais bela, e confesso para o meu eu.
Estou
apaixonado, estou amando, vendo pássaro cor de rosa
Estou
tão em paz, aqui lembrando a nossa vida, ouvindo bossa.
Estou
aqui, assim feito um bobo, pensando perdido o tempo todo.
Ah,
como é bom, estar abobalhado e assim de dia sonhar acordado.
Não
ter descontentamentos e saber como é maravilhoso poder viver
Descobrir
o valor de todas as essências e algumas coisas do amor saber
E
por mais improvável que pareça estar lucidamente assim encantado
Ah,
minha namorada, são os pequenos detalhes mais belos.
E
para o meu eu, as noites mais quentes de todo o inverno.
E
aos poucos, vou lhe amando tanto, que logo me interno.
Ouçam
– me, acreditem a minha namorada é sim a mais bela.
Ah,
meu grande amigo, minha mãe, somente vocês é que sabem.
Mas
olha, escuta não conta nada para ninguém, pois ela não sabe.
14.
O
amor é como o soluço para o pranto
É
como o cadarço para o sapato
É
assim como o som para o canto
É
a parte bela de todo encanto
Sem
meias voltas é assim impiedoso
É
direto, audaz e corajoso.
De
todo beijo, é toda boca.
De
toda menina, é a mulher e a moça.
É
tudo que faz com quê desfaleça
As
razões exatas de todas as certezas
É
o simples e o feio de toda beleza
É
tudo aquilo que não se nota
É
tudo aquilo que não se muda
Da
vida, a única coisa que realmente dura.
15.
Caramba,
passou mais um dia, outra noite.
Aqui
onde a luz logo cedo invade as frestas
E
como um relógio programado nos desperta
Fazendo
a voz ainda grave, dizer um bom dia.
Bom
dia então, ao retrato vizinho do travesseiro.
Que
me vela durante a noite e guarda meu anseio
Distância
menor que há entre a amada e o amante
Coisa
tão estranha que faz a vida pulsar incessante
Caramba
passou mais um dia, outra noite.
Um
dia a menos que tenho para curtir o meu amor
Outro
a mais que tenho para lembrar – lhe a face
Como
moleque malcriado que por um instante para
Um
daqueles momentos que merecem total atenção
Então
eu digo bom dia para o retrato da mulher amada.
16.
SONETO DO AMOR DESESPERADO
Não
sei, mas amo mais do quê se pode.
Mais
do quê se deve, mais do quê se aguenta.
Não
sei, mas amo, como culpado que não se isenta.
Como
amante e como amigo, e como amante.
Amo
como um louco em um hospício
Que
grita, sabe Deus pra quê, ou quem.
Dono
então de um coração angustiado de dor
De
uma saudade divina que se tem por alguém
E
o meu corpo então envelhece
E
a cada dia o amor amadurece
Como
criança que clama liberdade após a velhice
Deixo
– me então, calmo e impassível.
Mantenho
– me logo, louco e intocável.
Se
necessário, hei de morrer pelo amor improvável.
17.
Em
um copo, o exercício da paciência.
O
cigarro entre o dedo; o desabafo.
As
pernas cruzadas, na demonstração do cansaço.
Nos
olhos a observação, em total inocência.
No
balcão, corre a água do degelo,
Proveniente
do copo inerte do apego
Ao
lado de um coração tranquilo de sossego
Pela
lembrança do amor distante e meigo
Cansativa
a espera se faz calma
Tranquila
a mão que escreve se faz palma,
O
corpo de poeta e amante se faz alma.
E
na memória a lembrança tua se faz rara
Na
espera ansiosa, a palavra se faz clara.
E
o desejo de menino, em homem se faz tara.
18.
Frases
em versos todos programadas
Dedos
doídos de fim de noite pelo sapato
Intimidade
suspeita com a melancolia
Poeta
que exerce o ofício e tem taquicardia
Pela
lembrança mais certa da amada
Pelo
conforto de palavras boas
Pelo
sorriso inocente ainda que por nada
Há
alguma coisa melhor do quê rir a toa?
Eu
sei, e aquilo quê não sei, nem sei.
Pra
quê saber se de minha terra, sou eu o rei.
E,
além disso, como réu nem sei, o quê ainda não sei.
Então
eu sei, sei sim, de mim e do meu amor.
Sei
exato de tudo aquilo que eu preciso saber
Sei
que amo incansavelmente se quer saber.
19.
Vejo
a desintegração da fome
Com
o silêncio, café e nicotina.
Sinto
o vazio de mãe pós-parto.
E
grito, louco em terra de surdo.
As
horas que se arrastavam lentamente
Dependuradas
na parede branca da sala
Fazia-me
lembrar de um rosto, vagamente.
Mas
a ardência dos olhos não me deixava vê-lo
Mas
naquela altura eu já não me importava
Pois
a fome me fazia bêbado de dar risada
E
o cansaço me fazia lento, para algo além de nada.
E
as horas do relógio insistiam em prosseguir adiante
E
acontecesse o quê fosse era somente uma madrugada
Simplesmente
mais uma madrugada, somente, e mais nada.
20.
Finjo
que eu não te vejo.
É
tua a face que eu encontro
Dentro
do escuro e do desejo
Feito
assim um rápido lampejo
Feito
assim, tua forma que se tece.
Feito
como uma vida que segue
Assim
como o tempo que se esvai
Assim
feito bocas que se calam
Desejos
teus, faço então meus.
Da
tua face faço então espelho
E
renego assim, todo meu receio.
Guardo-te
em mim com carinho e zelo
E
não mais alimentarei qualquer medo
Escrevo,
e transformo tempo em paciência.
21.
Aquele
rosto de anjo com ar de santa
Mostrava
um par de pernas de Deusa
Exalava
um suave perfume de primavera
Fazia-se
notar sem muito esforço, e era.
Era
exatamente o quê queria, ah isso era.
Não
era ninguém mais, além dela mesma.
Naquele
momento, naquele exato momento.
Viva,
de carne e osso, mais carne que osso.
Isso
é fato, acredite, eu somente relato.
Admiro
e também olho com olhos safados
Eu?
Eu sou poeta, artista e às vezes safado.
Mas
a culpa é exclusivamente só dela
Ou
do seu par de pernas, e que pernas.
Eu?
Eu apenas relato e fico estupefato.
22.
Eu
sou inacabado e impróprio
Para
aquele que não sabe de si
Sou
o busto de uma prostituta
Quê
sabe por que e preferia não ser
Eu
sou, e não importa se eu gosto.
Pois
a essência não cabe a eu escolher
Quem
sabe um dia talvez eu possa socorrer
A
minha alma, minha tristeza e meu desgosto.
Pois
eu já não sou mais dono de mim
Nem
guio mais as minhas próprias mãos
Eu
apenas escrevo, e aceito o inevitável.
E
não me isento nem da culpa nem do crime
De
dizer o quê aponta no princípio da flecha
Apenas
me entrego ao que há de mais sublime.
23.
Todas
as coisas me eram fáceis,
Simples,
a vida fazia se rara.
Medo
até que havia, mas só do nada.
Até
a solidão e o frio eram incríveis
Até
minha tristeza era mais bela
E
a vontade de falar era mais terna
E
mesmo a volta pra casa fazia sentido
E
inimigo, era somente um triste amigo.
Farão
falta todas nossas poucas brigas
E
também nossos papos mais sérios
Que
de fato, eram raros, mas sinceros.
Diante
de um júri confessaria minha culpa
E
pouco importaria tal qual fosse a sentença
Pois
tudo era mais fácil, com a tua presença.
24.
Se
hoje, meu cansaço se fizesse meu amigo.
E
não fosse tanta a dor em minhas pernas
E
fosse menos tudo o que vem aos ouvidos
Tudo
aquilo que escrevo, e raramente eu digo.
E
se também, o meu corpo pudesse suportar.
Render-me-ia
de gosto, para a exaustão dos dias.
E
me entregaria de certo, como condutor da vida.
E
transformaria cada pequeno instante em pura vida
Eis
que eu sentiria o perfume de um sol triste
E
jamais trairia a minha lua, eu digo, acredite
Eu
faria de cada instante a mais pura eternidade
Mas
meu cansaço não se faz assim tão amigo
Então
o aceito, e lhe convido a tomar um vinho.
O
quê eu posso fazer? Continuo, escrevo e vivo.
25.
Tão
estranha, se faz em mim a tua ausência.
Aquele
teu rosto trancado com um ar de séria
Aquela
voz baixa com um som igual de saudade
E
os nossos poucos instantes de total liberdade
Agora
não vou mais te encontrar em casa
Mas
eu sei que um dia ei de lhe encontrar
Quem
sabe a gente até coma um strogonoff
Quem
sabe a gente tenha paz e entenda o nada
Por
que hoje eu entendo a saudade maior
E
talvez um dia talvez eu seja melhor
Ou
talvez eu seja um pouco menos sério
E
talvez a gente se abrace com mais constância
E
queira entender tudo, com menos importância.
E
no futuro, teremos paz e entenderemos o nada.
26.
Eu
quero partir do princípio
No
mais quero ser teu início
Alimentar
de você meu vício
Essa
minha loucura e delírio
Em
um quarto que seja secreto
Vou
lhe contra tudo que quero
Na
nossa estória, quem sabe se:
Um
dia aconteça o que sonho
E
não há nada que não me faça pensar
Não
há nada que me faça desacreditar
No
eu, que acredita que pode alcançar.
O
mundo dá volta e talvez aconteça
Só
espero de verdade realmente em fim;
Que
de mim, você nunca se esqueça.
27.
SONETO DO AMOR IMPOSSÍVEL
Não
há ninguém, tão igual feito a gente.
E
ao mesmo tempo ninguém tão diferente
Somos
somente a mesma forma de existência
Que
foram separados, por descuido ou displicência.
Tão
iguais que deveria ser um só corpo
Ser
lágrima e sorriso, felicidade e desgosto.
Quem
sabe ser um pouco mais do quê amigo
Quem
sabe eu ser amante, amado e marido.
De
tudo, na vida serei então eterno.
Feito
assim calmaria de tempestade
Sem
contentamento serei só saudade.
Eu,
que sei que posso ser, só descuido.
Personifico
o maior amor de meu mundo
Escrevendo
– lhe uma endecha por dia.
28.
SONETO DO TEMPO
E
o tempo vai passando
E
a gente cada vez mais
Vamos
conhecendo o ser humano
E
o tempo segue, e vai se passando.
E
a gente com o tempo vai
Vai
junto, passando e enjoando.
E
o tempo vai passando
E
a gente olha, e vai vomitando.
Sentindo-se
assim embriagado
Estando
quase totalmente sóbrio;
Ou
não; e também vem a pergunta:
Será
que ainda há salvação?
E
o quê o tempo mostra é que não;
Ou
não: isso a gente descobre depois.
29.
Não
sou santo
Nem
sou certo
Mas
meu canto
Sempre
sincero
Não
sou jovem
Nem
tão velho
Mas
meu tempo
Não
mais espero
Eu
sou quase um absurdo
Sincero
demais para o mundo
Errado
demais para tudo
Eu
sou a tristeza e alegria
O
mesmo homem todo dia
E
por mim, o maior prejudicado.
30.
Se
Clarice pudesse, diria: _ Desiste me ouve…
Para
enquanto há tempo, enquanto ainda pode.
Entrega
– te a sorte daqueles que são isentos
E
livre do pecado soberbo, do que é ser sincero.
Acalma
– te, pois “ser” morto não é tão mal.
Mas
“ser” vivo isso é realmente preocupante.
É
um troço que aguça, fazendo-se vivo, e pulsa.
Transgredindo
todos os direitos, do não saber.
Escuta
– me, pois sábio é o que eu lhe digo.
Se
pudesse, Clarice de certo diria essas e outras;
Mas
não pode, e sente certa felicidade por isso.
Pois
um pouco lá na frente, quando eu alcançar a próxima estrela.
Virando
a esquerda, encontrarei Clarice; Encontrarei Vinícius;
E
juntos veremos felizes; Outros e Outros tantos outros, e outras.
31.
SONETO DA MULHER ELEGANTE
Ah,
o cheiro da elegância.
Aquele
jogo de cabelo
Faz
de um homem criança
Faz
do mundo brinquedo
Faz
duvidar da existência
E
desacreditar da realidade
Personifica
Deusas Gregas
Põe
fogo em chão de neve
Anda,
dança, baila, encanta.
Faz
da vida uma esperança
Fazendo
o tempo ser um nada
Mulher
primeira, a própria Eva.
Nascida
direto das mãos de Deus
Bendito
seja teu cheiro e tua elegância.
32.
Quem
sou eu para querer? Pensar em querer
Descrever
a beleza da mulher, da mulher eternal.
Que
já for a descrita por tantos poetas, não ouso;
Mas
ironicamente Deus me põe na frente, as Rosas.
Sem
medo então, transformo poesia em prosa.
E
me entrego amiúde, para a minha madrugada.
E
se não há mais bordéis onde se pode escrever
Hoje,
há os fast foods 24 horas onde encontro às rosas.
Lugar
este que se fica desprovido de defesas e armas
O
sorriso é mais sincero, o tempo mais lento, tão puro.
Lugar
em que as rosas criam vida, sendo quase Deusas.
E
o tempo se faz grande amigo
Por
que este, nunca será pouco.
Para
aquele que se fizer eterno.
33.
Que
com a guarda de Deus
Você
me veja, em cada rosto.
Enquanto
eu ouço tua voz
Dizer-me
um fraco até breve
Que
as horas não sejam um júri
E
os dias não se tornem um juiz
E
as condições e necessidades, um carrasco.
Por
que sempre há tempo, enquanto há vida.
E
há escolhas a serem feitas ainda
E
se gloriosa a dúvida se põe a frente
Sempre
há um pedaço de Deus em nós
Talvez
guardado em um canto escuro
Com
um aviso de perigo e “não mexa“
Sejamos
assassinos, matemos o orgulho.
34.
Perdoa
esse meu amor indecente
E
essa minha espera mais que ansiosa
Acalma-me
esse meu jeito adolescente
Beija-me
a fronte, abraça-me mais forte.
Não
questione os anjos de Deus
E
não duvide nunca do improvável
Renegue
tudo aquilo que seja dúvida
Guarda
este instante, nosso e tão eterno.
Perdoa
aquilo que não for possível
Talvez
nem sempre, haja uma volta.
Mas,
nós sabemos todos os caminhos.
Então
olhe, e se arrisque no penhasco.
Que
quebrado lá embaixo, eu te aguardo.
E
junto, a gente tenta mais um novo salto.
35.
Em
minha pobre e fraca memória,
Abita
o vulto de uma tão bela índia
A
qual, nem sempre eu vejo a face.
Mas
que ouço a voz todas as noites.
E
assim como não me esqueço de quem já foi
Não
me esqueço dela, que também não vem.
E
são nossas as razões, todas tão indecifráveis.
Que
não entendemos e de alguma forma nos afasta
E
os anjos que nos guardam, são amantes.
E
fogem todas as noites, nos deixando assim.
Sem
guarda e perdidos, no momento que o dia dorme.
Sozinhos
em instantes perigosos e tão cruéis
Nos
quais o silêncio se faz o único aqui conosco
Mesmo
em meio à multidão, de fugitivos diários.
36.
SONETO DA PEQUENA MARGARIDA
Em
meio aquela plantação enorme de rosas
De
repente surgiu uma margarida; Ou girassol?
Eu
que vivo aqui à noite, sendo eu então, a lua.
Subitamente
encontro-me pecando contra o sol
E
o girassol, aquele que persegue o dia.
Não
sabe se quer da minha pequena alegria
Nem
de todo esse impossível que me assola
Nem
mesmo da tristeza que deixa ao ir embora
Que
se faça então a lenda dos amores impossíveis
De
amores improváveis que seguem adiante na vida
E
talvez o girassol, talvez de verdade, ele seja margarida.
E
descubra quem sabe talvez, o sentido desta vida.
E
veja a lua pela noite, perdida e deixada esquecida.
E
faça então do que é pouco provável, um possível.
37.
Sou
o necessário e também o inevitável
Cuspido
pela vida e deixado pelo mundo
Sou
feito o aborto de uma mulher de rua
Sou
a verdade crua na revolta dos ofendidos
E
de quê importa realmente aquilo que sou
Se
a estrada não finda e o tempo não se acaba
Se
passado não se apaga e futuro não se escreve
E
agora pouco importa se chova ou caia neve
Porque
o tempo é sempre o mesmo
E
as pessoas tão previsíveis e fáceis
De
mãos lavadas, beijo na face e só.
Que
se faça o necessário e o inevitável
Sem
um medo tolo pelo desconhecido
E
se assuma a consequência das responsabilidades.
38.
Talvez
a minha força não seja
Realmente
o quê é necessário
Talvez
seja um pedaço de fato
Talvez
seja somente um mero erro
E
o ar cansado entrega o delito
O
pulmão sem força entrega o grito
Numa
lenda sem rei e fada, sem nada.
Onde
um mesmo chora e também risada
Ironicamente
se faz doce a insanidade
Demente,
entrega a si mesmo o seu eu.
Em
breves conversas matinais com Deus
E
a força talvez seja o suficiente
Para
a permanência teimosa da vida
E
para uma frase escrita, sem rima.
39.
Nossas
palavras não se encontram
Nossas
bocas não se tocam
E
esse amor em mim que não finda
E
esse respeito que de fato já é medo
Nossas
mãos não se enlaçam
Nossos
corpos não conhecem
E
o amor dos olhos não termina.
E
a gente segue sendo, menino e menina.
E
se existe realmente algum amor eterno
De
fato o nosso mundo é assim tão estranho
E
faz distantes as coisas fáceis e mais simples.
Tornando
improvável o amor mais sincero
Transformando
em uma relíquia de estante
Tudo
aquilo que é mais puro, sereno e belo.
40.
Não
me intimidam os meus medos
Que
encaro feito um louco suicida
Feito
um bobo apaixonado pela vida
Que
não cai, mesmo com despedida.
Não
me destroem, as minhas derrotas.
Que
encaro teimosamente com força
Para
um novo reinício, de outro caminho.
Que
timidamente se materializa confuso
Não
me cansa, essa espera pelo certo.
Não
me ilude, nem turva o pensamento.
Pois
o não direito a desistência, me nutre.
Fortificando
os ossos que levam a carne
Glorificando
a imagem de um final majestoso
Que
só se mostra, àqueles que não duvidam de Deus.
41.
Hoje
foi o último dia da Guerra
E
meu exército foi capturado
Hoje
foi o último dia de briga
E
sou agora, o próprio vencido.
Talvez
não fossem falhos os planos
Mas
fora mais eficiente o outro lado
Mas
os aliados, já estavam mortos.
E
não viram o final quase inevitável
E
o último suor que escorre, cheira a sangue.
E
seu gosto se confunde com as lágrimas
Que
caíram um pouco antes, do próprio corpo.
Mas
a minha lembrança de alguns poucos
Faz-me
forte o suficiente para a resistência
De
ver a tal morte, como um parto prematuro.
42.
As
nossas dúvidas infindas
Já
faziam parte de nossa vida
E
era pouco o tempo que havia
Para
fazer somente uma, duas vidas.
Mas
os olhos perdidos encontravam pouso
Mesmo
que por breves momentos finitos
E
o sorriso tornava-se, um breve beijo.
Que
o abraço fazia levantar em casa forte
O
quê são as horas diante de toda uma vida
E
esta? Quando encontra a morte prematura?
E
faz do resto da história, somente uma lembrança.
Abraça
então somente a tua criança, a tua cria.
E
se apega forte, naquilo que pretende mudar.
Pois
o sol é do dia, a lua da noite, e a gente do mar.
43.
A
rainha da minha terra renegou o seu posto
A
mulher da minha espera rejeitou meu rosto
As
sementes da plantação ainda não nasceram
E
eu, mesmo cansado, insisto em ser tão sincero.
Os
pingos de chuva mancharam os desenhos
E
a enchente, derrubou sem dó, todas as paredes.
Os
anjos devem estar agora, todos de ferias…
E
as fadas estão tristes, por que foram esquecidas.
Mas
os dias ainda existem
E
as horas todas, ainda passam.
E
às vezes não tem lua, nem lugar.
Mas
sincero, eu ei de ser, o último tolo.
Mesmo
não tendo mais sonho para sonhar
Sem
terra pra plantar, nem palavra, ou lugar.
44.
Somos
donos de algumas
Das
maiores verdades
Somos
a semente do amor
Sincero,
germinado no quintal.
A
personificação da gratidão
Pelo
nosso companheirismo
Somos
então um princípio
E
um meio, sem um fim.
Sabedores
do arcano maior
Que
Deus, criou e nos deu.
Então,
o tempo nunca será pouco.
Para
quem como nós
Souber
se fizer eterno
A
cada dia que amanhece.
45.
Quem
sabe, se fossemos capaz de ser um pouco mais sinceros.
Quem
sabe, de alguma coisa que manche a honra dos anjos.
Ou
talvez do caminho de terra que leva para a fonte mais pura
Ou
do medo que se acende, quando as luzes se apagam sozinha.
Quem
sabe, se mandássemos cartões de natal em pleno inverno.
Ou
quem sabe se nós fossemos os filhos mais perfeito possível
Quem
sabe se a nossa avó, talvez fritasse rabanada na hora do jantar.
Ou
talvez de repente, inventássemos de passar na Sé com varas de pescar.
Quem
sabe, se talvez eu bebesse toda a água de algum mar.
Ou
ainda iludido, eu mantivesse meus valores e pudesse sonhar.
Ou
vai saber somente olhar longe, e sem ver poder caminhar.
Quem
sabe o quê poderia acontecer realmente de verdade
Se
o sorriso não fosse amarelo e a cara não fosse de tacho.
Vai
saber! Quem sabe ué? Quem sabe? Vai saber!
46.
Diga
ao mundo que sou vagabundo
Que
acordo tarde e não durmo a noite
Que
nunca venço e jamais me entrego
Diga
tudo àquilo que quiser, tanto faz.
Sou
artista e sonhador, eu sou humano?
Sou
senhor de mim mesmo e acredito nisso
Sou
exato, o quê muitos não acreditam poder.
Sou
enfim; Eu mesmo sou real e nada mais.
É
tão difícil ficar calado olhando o mundo indiferente
Quando
se tem sangue nas veias e não se é só contente
Estou
ciente que sou sincero, e sei quem está ao meu lado.
Caminhei
incansável por tanto tempo, que já nem me lembro.
E
nunca vou me esquecer do dia exato em que descobri quê:
A
voz de Deus tem um som, totalmente igual ao do silêncio.
47.
SONETO DE UM DIA VINTE E UM
Às
vezes deixamos o futuro
Passar
bem na nossa frente
E
vira passado, tudo que é presente.
E
vira lembrança o quê era contente
E
contente se faz a vaga lembrança
De
uma felicidade por nós não tocada
Da
hora mais certa de um sono inocente
Assim
contente descrente e dependente
Não
se caminha em outro caminho
Tão
pouco se vive em outra vida
E
no dia correto se apresenta a despedida
São
alguns fatos e muitas realidades
Que
juntos forjam a lâmina da vida
Que
um dia, cedo ou tarde cortam os laços.
48.
Aquilo
que não se fala
Guarda-se
fundo na alma
Lamenta-se
a falsa acusação
E
sereno se olha o julgamento
Aquilo
que não se entende
Guarda-se
lá dentro do peito
Sufoca
o ego e mata o orgulho
Talvez
seja esse o próprio delito
Talvez
se faça então a acusação
Talvez
seja paz, ou talvez não…
Quem
sabe se não, seja o perdão.
Mas
aquilo que não se fala
Junto
com tudo quê não se entende
Apesar
de triste, lá dentro se faz contente.
49.
Tudo,
sempre acaba um dia.
E
fica sempre um algo a dizer
Estranho
é ser feliz na alegria
Deixar
de ser sincero e não ser
Por
puro medo e uma apatia
Em
um peito escuro esconder
Moleque
que sonhava um dia
O
sonho que ninguém quer ter
Tão
certo, que ficou errado um dia.
Cansado,
olhando espelho envelhecer.
Todo
começo, nasce lá dentro do peito.
O
silêncio é o princípio para o quê não tem mais jeito
E
toda verdade na vida, de certo que tem uma maldade.
E
uma ponta de saudade, por alguém que já morreu.
50.
BREVE MANHÃ DE SEGUNDA FEIRA
São
muitas e tantas, as coisas.
Que
não vale a pena de serem ditas
Assim
como a vida, que apesar de bela.
Normalmente
nem sempre é bonita.
Como
o tempo, que apesar de santo.
Quase
que nem sempre, é isento.
As
coisas desse mundo sempre tão falhas
Nos
mostra quase sempre a vida em migalhas
Ora,
não sei mesmo por que me queixo.
Se
sabendo disso, esse mundo eu não deixo.
Talvez
seja por que, eu também não me ajeito.
E
insisto em acreditar do fundo do meu peito
Que
mesmo ainda com toda e qualquer falha
Ainda
terei alguma coisa a mais que migalhas.
51.
Se
nosso tempo parasse
E
nos levasse os dois juntos
Onde
o tempo transforma
O
tudo, em um nada a fazer.
Se
a nossa vida tivesse
A
cor da parede de casa
Que
mudo no fim do ano
Para
poder lhe agradar
Se
tudo nos fosse assim tão fácil
Como
tomar um sorvete se olhando
Sem
ter muitas coisas para dizer
E
se o tempo nos fizesse uma certeza
Tudo
o que a gente acredita e pretende
E
como um tolo vacila na hora de ter.
52.
Era
um nunca e talvez um pouco mais
Tudo
aquilo quê era presente e nada mais
Sincero
em um princípio! E tudo se desfaz.
Cansado
e quase exausto; E agora rapaz?
Eram
dias em quê tudo se fazia possível
Éramos
eternos, dentro de nós mesmos.
E
nada faria com que deixássemos a luta
Ainda
mesmo, que aos trapos encontrássemos.
As
nossas roupas ou mesmo as nossas almas
Por
que lá dentro, sabíamos de cor todo o final.
E
seria preciso muito mais do que uma derrota
Para
fazer a gente tombar os nossos ideais
Que
de diamantes foram cravados no coração
Ainda
que sejam agora, apenas pedaços de carvão.
53.
Já
não havia a sustentação dos pés
Talvez
o culpado, fosse o cansaço.
Talvez,
a falta somente do cadarço.
Mas
era fato, e o caminho de asfalto.
Por
que os dias apesar de longos
Era
feito de momentos tão breves,
Sempre
tão corridos e apressados,
Sempre
tão estranhos! Engraçados?
Não
sei! Por que os pés, hoje já não são.
E
assim como o concreto que vem a frente
Quase
todos assim tão iguais! Tão parentes?
Era
cinza, a paisagem do nosso pasto.
Era
estranho o quê se via como rastro
E
ainda sozinha, era breve a nossa vida.
54.
A VIDA NOVA DOS TEUS
OLHOS
Estou com saudade, da
vida que ainda não tivemos.
Ansioso feito menino, pra
contar histórias de futuro.
Saudade de todas as
coisas que ainda não chegaram
E que infelizmente talvez
jamais cheguem de fato.
Estou com saudade de quem
daqui já partiu, e não volta.
Tenho agora um oco dentro
de mim, está faltando você.
Hoje, feito ontem, e
antes do ontem, e como no futuro.
Passarei meus dias querendo
te ver, querendo dizer…
As lembranças mais
antigas das histórias vividas um dia
E também daquelas que
passamos a vida toda esperando
Contos de “NADA” que
jamais acontecem nas vidas reais
A saudade é simplesmente
a memória acordada a força e sem dó.
Violentada pelo desejo
que tivemos, de consertar os detalhes.
Que foram deixados de um
lado, junto com meu medo de rejeição.
55.
DAS ONZE ME FINDO AS
QUATRO
A angústia de todas
aquelas coisas
Que assim feito desejos,
me consomem.
Entorpecem qualquer
sentido daquilo que sei
Entrego-me, dizendo teu
nome ou, parte dele.
Em uma doida ânsia
diária, pela tua presença.
E a presença constante da
vida nova de teus olhos
Ofuscada pelo brilho
incessante do teu sorriso
E me faz muito melhor do
que realmente eu sou
E das onze eu me limito e
findo somente as quatro
Guardando ainda algum ar
nos pulmões cansados, pra dizer.
Coisas em minha ideia,
que talvez você jamais venha ouvir.
Pois o tempo não me
permite ter algum ou qualquer direito
De ser um pedaço pequeno
das coisas que querem meu peito
E cansado além do limite
penso acordado e me findo no leito
56.
SONETO DAS CINCO SAUDADES
Palavras escritas
desenhando a imaginação
Talvez seja um fato,
talvez não.
Quem sabe, tudo seja
lembrança.
Pedaço de passado, em
algum outro futuro.
Simples momentos de uma
realidade
Transformada na intenção
da ideia
Das nossas loucas
memórias lapidadas
E das lembranças mais do
quê perfeitas
Eu hoje aqui sozinho, me
faço silêncio.
Em um grito calado no
fundo do peito
Em um dia em quê
simplesmente percebi
Que perdi a noção de
tempo e a noção de espaço
Descobri que o esquerdo é
feito, tal qual o direito.
Sendo ele de certa forma,
um pouco bem mais perfeito.
57.
Eu
sou exatamente aquilo que ninguém precisa,
Sou
o dejeto e o descartável, do treco amargo.
Eu
sou exatamente aquele cara, que ninguém,
Suporta
por mais do quê algumas horas seguidas.
Eu
sou o personagem que inspira e fica sempre guardado,
Aquele
que ninguém levaria do livro, para a própria casa.
Eu
sou a solidão e o silêncio, também o pedaço que faz chorar.
Eu
sou impróprio e desaconselhável para estar neste mundo.
Sou
aquele que ninguém esquece e que nunca é convidado.
Certeza
que sou o momento exato da glória de um viciado.
O
moleque de rua suado, o trabalhador cansado; sou culpado!
Sou
que nem a puta que volta pra casa pela manhã, sempre sozinha.
Necessário
e descartável, cochilando no banco até o ponto final.
Desprezível,
desprezado, eu sou somente mais um, e só.
58.
Eu que agora neste exato momento, sou
sozinho,
Entrego-me às lembranças
mais doces possíveis.
Que se por um lado não
são tantas, são incomparáveis,
Do lado bom e do lado
mal, se fazem agora meu ninho.
Eu que agora, neste
momento mais do que exato e sem falha,
Lembro-me de todas as
casas, de todas as vidas e todos os cantos.
Daqueles que foram
cantados, chorados em voz baixa e rouca,
E me inundam com as
saudades que trago dentro do meu eu.
Eu que agora neste
momento não quero encontro com a rima.
Tenho somente a certeza
dos meus desabafos calados no peito,
Das minhas memórias
trancadas na alma e do momento agora.
Saudades que não findam
em si mesmo e nem mesmo em mim.
Memórias, derrotas e
glórias transformadas em saudades intermináveis.
Que não devo e nem mesmo
quero esquecer, tantas saudades sem fim.
59.
 |
Contra Capa |
Nenhum comentário:
Postar um comentário